
- Por ti deixava de roer as unhas e pintava-as de amarelo. Por ti sacrificava a minha pomba favorita. Tornava concretas todas as minhas ânsias. Por ti fazia tudo, menos que de mim fizesses outro.
Entretanto a fama da sua beleza percorria os corredores assépticos. Insistia em que eu lhe cortasse o cabelo, a ele que já nem sequer andar sabia. Por vezes duas facas espetavam-se-lhe nas costas e fazia uma careta que logo desfazia.
Eu continuava a brincar com os dedos grandes dos pés dele. Ele era como o mel e ninguém sabia porquê. Eu sim. Eu era a abelha subindo no ar que iria com ele até ao fim de tudo.
P.P.
Histórias verdadeiras,94