Eu brincava com os dedos grandes dos pés dele, por debaixo dos lençóis todos brancos, enquanto ele dizia disparates, só disparates.
- Por ti deixava de roer as unhas e pintava-as de amarelo. Por ti sacrificava a minha pomba favorita. Tornava concretas todas as minhas ânsias. Por ti fazia tudo, menos que de mim fizesses outro.
Entretanto a fama da sua beleza percorria os corredores assépticos. Insistia em que eu lhe cortasse o cabelo, a ele que já nem sequer andar sabia. Por vezes duas facas espetavam-se-lhe nas costas e fazia uma careta que logo desfazia.
Eu continuava a brincar com os dedos grandes dos pés dele. Ele era como o mel e ninguém sabia porquê. Eu sim. Eu era a abelha subindo no ar que iria com ele até ao fim de tudo.
P.P.
Histórias verdadeiras,94
10 comments:
Lena,
Não sei quem é o Pedro Paixão, mas os textos são óptimos.
Beijinhos
um querido amigo
:)
um grande escritor
Passo por ca algumas vezes... adoro cada letra pk me tras tb mto de mim.
meu querido amigo, a caldeirada que fizeste na casa da praia com o peixe que foste buscar enquanto eu ainda dormia...:*
Oh quem dera ter um Pedro Paixão (assim) dedicado a mim.
Eu adoro este blog.
Sou grande admiradora das Obras de Pedro Paixão.
(Re)Encontro-me em muitas das suas palavras.
Que lindo texto...sentido...tocou-me de uma maneira que não sei explicar*
só sou o gémeo pobre da alma que escreve de mim. talvez queira ser o que não sou e o vice-versa também já nasceu em mim. força para o blog.. :)
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